DOM ELISEU, CARNAVAL E COMPROMISSO

O melhor é patrocinar festas ou gerar emprego e renda?

As personalidades e pessoas comuns
da cidade precisam se esforçar 
para melhorar o debate em
torno da cidade que queremos
 
WALQUER CARNEIRO

A proximidade da eleição municipal incentiva as conversas sobre política, e nesse momento o indivíduo verbaliza suas preocupações e interesse em relação à cidade onde mora, e invariavelmente as conversas apresentam reflexo das seqüelas que ficaram provenientes da disputa na eleição anterior. Porque o fulano isso, o beltrano aquilo, o sicrano aquilo outro, e por ai a fora. E foi em uma dessas conversas que eu fiquei preocupado com a qualidade cultural e objetivo de pessoas que se dizem amar e ter compromisso com essa cidade.

Tudo aconteceu num almoço na casa de um amigo, que por sinal é pré-candidato a prefeito nesta eleição, em volta da mesa, onde estava sendo servida uma lauta feijoada, umas oito pessoas conversavam amenidades, até que em determinado momento o assunto passou a ser política administrativa municipal, e, como não podia deixar de ser, algumas críticas foram tecidas sobre a atual administração, abordando o fato do prefeito ter patrocinado os abadás para o bloco dos Alterados, e lembraram também o fato do poder público municipal não ter planejado um evento para o carnaval neste ano.

– Isso está desqualificando a nossa cidade, a tradição do carnaval -, disse alguém recebendo a concordância da maioria ali na mesa onde todos foram unanimes em afirmar que esperavam que a prefeitura fosse contratar umas duas bandas ou trios elétricos, e blá, blá, blá, blá, blá,blá..., até que alguém lembrou que em maio é o aniversário da cidade e a conversa ficou animada.

–É...Vamos ver se esse prefeito é bom mesmo! No aniversário da cidade ele não pode fazer feio, ainda mais que é ano eleitoral-, disse um gaiato esperando que a prefeitura contrate umas bandas boas e ta-les coisas... – É mesmo, faz tempo que Dom Eliseu não vê umas bandas boas!!-, disse outra comensal.
Foi então que um jornalista e apresentador de televisão da cidade, de forma lúcida, resolveu dar seu pitaco, mudando o rumo da conversa.

- Negócio de ficar gastando dinheiro com blocos de carnaval, bandas caríssimas! Isso não dá resultado não, - enfatizou o jornalista, prosseguindo: - Um prefeito bom tem é que fazer projetos para atrair empresas e gerar emprego na cidade. – disse peremptório e de forma séria o apresentador de televisão, e continuou:
- O dinheiro que é gasto com a contratação de bandas e patrocínios para festas, que chega a mais de trezentos mil por mês, tem é que ser investido na criação de um departamento de indústria e comércio e montagem de uma equipe para pesquisar empresas que possam ter interesse na região, - disse o jornalista calando-se em seguida e esperando que alguém concordasse com ele, porém apenas eu comentei que na atual situação não podemos ficar exigindo gastos com festas.

Contudo nem mesmo o pré candidato a prefeito que estava sentado à mesa teve a coragem de discordar da maioria, e foi neste momento que senti que nossa cidade vive um momento de baixa qualidade na reflexão sobre o município que queremos, porque as pessoas naquele mesa, em tese, diziam ter compromisso com o município, todavia não tiveram a capacidade de ampliar o debate sobre proposta feita pelo jornalista apresentador de televisão. Ao contrário, alguns minutos depois ninguém lembrava mais que Dom Eliseu está passando por uma crise de emprego e na economia. A maioria naquela mesa, naquele dia, optaram por continuar falando sobre festas, baile do havaí, carnaval, shows, e blá, blá, blá, blá, blá, blá...Pobre Dom Eliseu. Pelo visto vai continuar ao deus dará...

VALE FLORESTAR DOA COMPUTADORES

Escolas da zona rural de Dom Eliseu ganham computadores da Vale

A coordenação pedagógica do
campo elaborou um projeto
que foi aprovado pelos
acionistas da Vale Florestar


WALQUER CARNEIRO

A empresa Vale através da Vale Florestar, sua subsidiária em Dom Eliseu, que executa projetos de reflorestamento comercial na região, fez a doação de 44 computadores que serão usados nas escolas públicas da zona rural do município. A cerimônia de entrega dos computadores aconteceu no dia 16 na sala de eventos da secretaria de educação com a presença de diretores da Vale Florestar, professores e coordenadores pedagógicos da zona rural. 

Do total de maquinas doadas vinte são computadores convencionais e vinte a quatro são notebooks, equipamentos esses que eram utilizados no escritório da empresa em Dom Eliseu, todavia em bom estado de conservação e prontos para serem utilizados, conforme afirmou o diretor executivo da Vale Florestar, Carlos Henrique Garcia admitindo que a doação é a forma que a Vale Florestar tem para contribuir com a responsabilidade social na educação garantindo acesso à tecnologia para as escolas rurais. 


Para permitir a doação houve a necessidade da elaboração de um projeto montado pela equipe pedagógica do meio rural. A organização do projeto foi conduzida pela professora Luciana Martins, uma das coordenadoras pedagógicas da zona rural, para quem os computadores são ferramenta das quais a educação rural não pode abrir mão. “Através destas máquinas a gente vai poder introduzir a inclusão digital dentro das escolas do campo que serão usadas tanto pelos alunos e professores quanto para os trabalhos administrativos”, disse Luciana.

De acordo com o levantamento da equipe pedagógica da zona rural 12 escolas estão aptas a receber os equipamentos, pois quando foi feito o projeto levou-se em consideração a infra estrutura para receber as máquinas, sendo que serão 3 computadores, em média, por cada escola, “Todas as escolas selecionadas já contam com energia elétrica, salas com mobiliário para receber os computadores, e por isso a importância de um projeto bem elaborado”, contou Luciana.

Carlos Henrique confirmou o que descreveu Luciana Martins revelando que a diretoria da Vale submete o projeto a avaliação dos acionistas, por isso a necessidade de um projeto bem estruturado para que a Vale Florestar possa receber o compromisso da instituição beneficiada de que os objetos da doação serão utilizados tão logo seja sacramentada a doação. “O que nós temos que sentir é que vai haver um retorno bastante significativo do ponto de vista social ou educacional, mas tem que ser um projeto bem elaborado para convencer os acionistas da empresa da viabilidade da doação”, explicou Carlos Henrique.

ESPÍRITO DE VOLUNTÁRIO

O sopão da Dona Maria alimenta o corpo fortalecendo o espírito 

O espírito de voluntária de 
uma senhora sexagenária
contagia e leva esperança 
a pessoas necessitadas 

WALQUER CARNEIRO 

Trabalho voluntário para muitos é uma tarefa difícil de ser executada, pois requer, em primeiro lugar, compromisso com uma causa, e segundo, desprendimento das coisas materiais , pois como o próprio nome demonstra, não há retorno monetário pelo trabalho prestado.

Geralmente quando uma pessoa ou instituição se dispõe a executar um trabalho voluntário o propósito é de doar apenas poucas horas por semana, ou mesmo por mês, na tentativa de amenizar a precariedade da situação de alguém ou de um grupo de pessoas. É raro alguém doar seu tempo integralmente para o trabalho voluntário voltado a servir pessoas que integram a camada da população em risco social, as quais o estado não consegue levar o mínimo para garantir uma vida digna.

 


Em Dom Eliseu o voluntarismo mostra a sua verdadeira expressão com as ações da Dona Maria da Sopa que reside no município há 20 anos, na Rua Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Esplanada, e é assim conhecida por atrás ter iniciado, há dez anos, suas atividades de trabalho voluntário com a distribuição do sopão comunitário.
A sopa que é distribuída todas as quartas-feiras á tarde beneficia a cerca de 40 famílias carentes que correm até à casa da Dona Maria da Sopa levados pela necessidade de uma alimentação mais saudável e nutritiva ao menos uma vez por semama, e é aí que fica demonstrado o verdadeiro valor do trabalho desenvolvido por Dona Maria da Sopa, pois o que ela faz supre uma necessidade básica e eminentemente fundamental para a sobrevivência das pessoas que dela fazem uso. 
A disposição de Dona Maria da Sopa para ajudar as pessoas carentes contagia outras pessoas a exemplo dos proprietários do Supermercado JK que cumpre um papel fundamental na doação dos ingredientes que compõe a sopa que leva vários tipos de verduras e legumes além de carne, e que depois de pronta fica muito saborosa e oferece nutrientes preciosos para a manutenção da saúde. 
As ações realizadas por Dona Maria da Sopa são contagiantes, e para ela vai além de uma atividade comum de trabalho, pois outras pessoas da comunidade retornando em amizade com a conseqüente doem seu tempo para auxiliar no trabalho de preparação da sopa, desde a recepção dos ingredientes, seleção e preparo. Hoje Dona Maria da Sopa conta com um grupo de 20 pessoas, entre homens e mulheres que disponibilizam tempo dando apoio no sopão comunitário.


Além do sopão beneficente todas as quartas-feiras, a Casa da Dona Maria da Sopa ainda oferece todos os dias pão para mais 40 famílias. Os pães também são doados por empresários e personalidades políticas da cidade. Tanto para arrecadar os ingredientes para a sopa quanto para angariar os pães Dona Maria da Sopa faz um intenso trabalho de contato e acordos diplomáticos com o objetivo de garantir que as pessoas carentes possam continuar recebendo ajuda.

Para Dona Maria da Sopa não há dificuldade nenhuma em realizar o trabalho voluntário, já que ela parte do princípio de que a força primal e moto consciente, criador de todas as coisas é que leva o ser humano a sentir piedade do semelhante, principalmente daqueles que não tem a sensibilidade suficiente para se ligar ao Eterno de dias e superar barreiras que os põe em estado de letargia existencial, sendo impedido de reagir a uma situação adversa.

EDITA LEGAL