GOLPE NO PARAGUAI

Lugo recorre à Suprema Corte do Paraguai para reverter golpe

Grupos oligárquicos do Paraguai junto com
empresas multinacionais colonialistas
insatisfeitos com o governo socialista e democrático
de Fernando Lugo tomaram a força o poder

FONTE - PORTAL VERMELHO


Em nova iniciativa para reverter a decisão do Parlamento paraguaio que o destituiu do poder, Fernando Lugo apresentou um novo recurso de inconstitucionalidade na Corte Suprema de Justiça do país. Seus advogados argumentam que houve irregularidades no processo. Esse é o primeiro passo para que a questão seja apresentada à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

De acordo com o estabelecido nas atribuições da Corte, os magistrados poderão decidir entre devolver a Lugo a Presidência da República, ordenar novo julgamento político com todas as garantias ou recusar a inconstitucionalidade do procedimento usado pelo Parlamento.

Para o ex-secretário de Relações Internacionais do governo Fernando Lugo, Ricardo Canese, em entrevista ao Portal Vermelho, a questão da inconstitucionalidade no processo que destituiu Lugo é evidente. “Foi um verdadeiro golpe feito por um grupo parlamentar de forma muito parecida com o que fez Adolf Hitler na Alemanha”. 

“Ele também não colocou os tanques na rua, não foi um golpe militar, mas parlamentar. Aproveitando a maioria que tinha, instaurou a ditadura fascista. Aqui, aproveitando certas circunstâncias em nosso país estão prostituindo e violentando a Constituição nacional”, afirma Canese. 

Há, no entanto, poucas chances reais de o processo ser revertido uma vez que os juízes, ameaçados anteriormente de julgamento político por acusações de corrupção e falta de idoneidade para desempenhar seus trabalhos, deram publicamente apoio ao novo governo.

CORTE INTERAMERICANA

Caso a Corte Interamericana de Direitos Humanos decida por uma sentença favorável a Lugo, isso incluiria uma sanção política e econômica contra o governo de Federico Franco e ele voltaria à presidência.

Neste julgamento, deverá pesar o fato de que o governo está isolado internacionalmente já que nenhum governo latino-americano reconheceu Federico Franco como presidente legítimo. Mundialmente, apenas quatro Estados reconheceram: Vaticano, Canadá, Espanha, EUA e Alemanha.

 MOBILIZAÇÕES EM DEFESA DE LUGO

“Nós temos esperança fundada nesta nova realidade de que o povo ao invés de estar abatido, tem respondido com dignidade [ao golpe]. (...) Há uma convicção das pessoas de que juntos podemos recuperar a democracia e vamos poder chegar a este principal objetivo que é restituir o Estado de direito e que Fernando Lugo cumpra seu mandato de forma normal”.

Segundo Canese, no interior do país estão sendo realizadas manifestações que chegam a agrupar 25 mil pessoas em defesa de Lugo.

Ele acrescentou ainda que “a solidariedade internacional é fundamental [neste momento]”. Ele lembra que o Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul por unanimidade e que “mesmo os governos de Chile e Colômbia que são conservadores” não reconheceram Franco, o que “demonstra que a América Latina está unida entorno da democracia” e finaliza: “nós queremos enfatizar que mais que uma luta entre pobres e ricos, esta é uma luta entre os partidários da ditadura e os partidários da democracia no continente”. (Vanessa Silva, enviada especial do Vermelho a Assunção)

SEM TERRA DO PARAGUAI

Camponeses paraguaios exigem que governo lhes entregue terra

Trabalhadores sem terra do Paraguai se mobilizam
para pressionar o novo governo golpista para
que uma área de terra grilada por uma
grande empresa seja loteada para os agricultores

FONTE - PORTAL VERMELHO


Milhares de camponeses paraguaios sem terras deram, nesta quinta-feira (5), 24 horas ao governo para que lhes sejam repassados mais de 15 mil hectares que estão nas mãos de uma empresa latifundiária, na região de Ñacunday, a cerca de 80 quilômetros de Cidade do Leste.

Os camponeses, em assembleia geral, rechaçaram uma proposta oficial de aguardar sete dias para a adoção de uma decisão, devido à negativa do empresário, acusado de apropriar-se ilegalmente de mais de 30 mil hectares, e assinalaram que realizarão a ocupação das terras se não chegarem a uma solução.

A transmissão ao vivo por um canal de televisão da tensa situação existente mostrou mais de 1.500 camponeses agrupados à beira da propriedade, em total desacordo com alguns de seus dirigentes situados na sede do Instituto da Terra, que lhes repassaram a petição governamental de uma semana de espera.

Os manifestantes fazem parte de 5.700 famílias que, vivendo em barracas, pressionam há mais de um ano pela recuperação de parte das terras em poder da empresa, amparados por um laudo oficial obtido no governo do destituído presidente Fernando Lugo e que pelo qual tinham seus direitos reconhecidos.

Na realidade, a empresa constituiu no lugar um "Parque Nacional", que explora, incluindo em sua extensão os mais de 5 mil hectares apropriados ilegalmente e que são reclamados pelos camponeses.

Durante esse período, os camponeses instalaram até escolas para seus filhos nas barracas em que vivem, enfrentararm também várias tentativas de expulsão, que chegaram a levar seu dirigente, Victoriano López, ao cárcere.

Embora os atuais chefes do movimento tenham pedido aos seus companheiros, por meio da televisão, que aceitem o prazo de sete dias pedido pelo governo, a assembleia não aceitou e assegurou que realizará, em 24 horas, a ocupação das terras.

"O governo é nosso inimigo", disse ao repórter da emissora de televisão um dos dirigentes camponeses que permanece na região, diante dos manifestantes.

Por sua vez, o ministro do Interior, Carmelo Caballero, que se pronunciou há alguns dias favoravelmente ao uso da força para terminar com as ocupações de terra pelos camponeses, se negou a dar novas declarações.

(Com informações da Prensa Latina)

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