PITACO DE ROSA CRUZ

Dos comentários vem o incentivo para continuar, ou não

As vezes fico triste em não ver
muitos comentários nas matérias
que publico, pois um blog requer
a interatividade instantânea

WALQUER CARNEIRO


Quando eu me propus a administrar esse blog o meu primeiro impulso foi que o espaço seria democrático e libertário onde os comentários seriam livres, passiveis de moderação somente quando fossem ofensivos à moral ou demonstrassem acusações sem provas, e assim eu me preparei para me deparar com todos os tipos de comentários no espaço destinado aos leitores, assim prometi para mim mesmo que todos os comentários seriam bem vindos e ficariam registrados sem censura.

Eu também me preparei pare receber muitos comentários anônimos, o anonimato é um direito de todos os leitores que se prontificam expor suas opiniões, só não estava preparado para receber um comentário tão bem estruturado como o da Rosa Cruz. A surpresa não foi somente pela qualidade literária do texto, mas também por saber que a camarada Rosa é leitora do Porta Pro Futuro, e isso muito me anima, pois mostra que o blog tem leitores entre a categoria dos professores, o que me obriga a ter mais responsabilidade com que eu escrevo e as matérias que publico, e por isso continuo motivado a manter o blog atualizado.

Assim,  desta forma,  vou  tomar a liberdade de publicar aqui na página principal o texto do comentário que  da Professora Rosa Cruz fez a respeito do debate entre  comentaristas sobre a matéria da caminhada dos professores realizada no dia 16 e publicada no dia 20, (CLIQUE AQUI PARA LER).

Rosa Cruz disse...

É uma mistura de alegria e tristeza que me dirijo às pessoas que leem esse blog, sejam aos meus colegas que lutam pelos direitos dos professores, esteio da sociedade, sejam aos espectadores da nossa luta que pouco ou nada sabem do valor de um simples ato num dia de sol e chuva.

É com alegria, pois é notório o compromisso que a nova diretoria do Sindicato vem tendo não só com as campanhas salariais, cada vez mais encrudescidas, com a classe patronal e seus avanços sobre nossos direitos, mas também para descortinar a fumaça montada pelo próprio sindicato durante tantos anos.

Creio que essa nova diretoria renova seus laços com os professores de lutar por seus direitos, e, nada mais natural, visto que se trata dos interesses de um grupo, que ainda poucos, unido. Um colega me disse no dia da paralisação: “Somos tão poucos... Depois reclamam dos direitos.” Eu respondi a ele: “ Somos o Todo fazemos nossa parte pela maioria, ainda que eles não estejam aqui. Nossa força está em não sermos mais egoístas e pensar no próximo distante, mas sim sermos altruístas com quem não pode vir, fazermos a parte de sermos Todos.”  

Sei que minha frase foi meio sonhadora, mas assim sou. Faço parte de um grupo (ainda que não seja sindicalizada, AINDA),  um grupo que traz em seu nome, Educação. É que mesmo meio sonhadora  é nesse renovar-se de pessoas que acredito ser matéria essencial do professor, que está sempre em busca de forças para enfrentar o dia a dia, porque acredita, porque não há outra forma de construir uma sociedade mais justa, mais solidária e mais consciente do que pela educação.

Mas é também com tristeza que continuo a escrever... Com uma tristeza que cala toda a alegria de que falava, pois paira em mim uma dúvida sobre os que falam: pessoas que não se assumem, são anônimos, e os anônimos não existem como portadores de juízo de valor.... Desconhecem o valor do professor que, como eu, assiste todos os dias a alunos correndo de sala em sala por carteiras e mesas e escrevem com o caderno no colo. (Tenho fotos dessa situação tão rotineira).

Entristece-me ver o brilho e cheiro dos livros da Biblioteca Benedito Nunes mofando, guardados em caixas escuras implorando pela luz de olhos ávidos pelo saber; entristece-me ver que o poder transitório é mais valioso e valoroso do que os professores que enfrentam lama e pó não só pela necessidade financeira, mas por fazerem a diferença na vida das pessoas com idealismo e atrelando seu nome a um projeto de vida e senso crítico em crianças da zona rural... Enfim,  entristece-me e dói saber que são professores anônimos que jogam pedra na própria casa.

Assinado: Rosa Cruz.

PS: Não possuo nenhum elo político com o partido citado (PT); recusei-me a continuar na manifestação ao avistar oportunamente, ao lado do carro de som, o “pré-candidato” daquele partido. Não creio que coubesse a presença do político, mas a via é pública para qualquer cidadão que quisesse adentrar na caminhada. Recusei-me a continuar por acreditar que não era cidadão que caminhava ao lado dos professores, mas o político que se beneficiava da situação (ainda que seja impossível dissociar um do outro).
“Nada a temer, nada mais a declarar.”

EDITA LEGAL