OS DEZ MANDAMENTOS NA ERA DA RAZÃO

O avanço tecnológico e a regressão moral

A saga humana na terra está 
chegando a um ponto crítico 
onde a raça está perdendo a 
noção de sua própria existência 

WALQUER CARNEIRO

Em todos os lugares do planeta terra vemos o aumento da corrupção e da imoralidade. O que se vê é o completo desrespeito à divindade e, consequentemente, aos valores humanos que são essenciais para a boa convivência entre os indivíduos. Não se vê mais a preocupação entre as pessoas com o acatamento a alguns princípios do contrato social proposto por Jean-Jacques Rousseau, e nem tão pouco às leis instituídas e convencionadas.

Num momento de alto desenvolvimento da ciência e tecnologia e do pensamento dialético, paradoxalmente, vemos a população humana, em todos os estratos sociais, regredindo ao seu estado de natureza mais primitiva de comportamento, onde está sendo levado ao extremo o caminho entre as idéias com indivíduo se perdendo em meio ao libertarismo. Isso é realidade.

Muito antes de qualquer sociedade humana primitiva os Hebreus compuseram o mais perfeito e condensado rol de regras para direcionar a prática do respeito para a boa convivência entre humanos. O decálogo foi dado a Humanidade em um tempo em que humanos viviam em sua condição mais primitiva de existência, e que no estágio moral em os seres humanos se encontram nesta era atual se faz necessário levar em consideração. Os Dez Mandamentos são regras simples, mas de enorme utilidade, e que podem ser utilizados em qualquer situação e aplicados em qualquer circunstância e época, mas que, todavia não mais são levadas em consideração.

Os quatro primeiros mandamentos orientam os seres humanos para o respeito ao Criador, por isso mesmo são os primeiros. Os seis mandamentos restantes falam dos direitos e deveres dos seres humanos entre si, e estes só podem ser levados à prática se os quatro primeiros forem internalizados no inconsciente coletivo. 
 
 OS DEZ MANDAMENTOS

1º - Não terás outro deuses diante de mim; 

2º - Não farás para ti imagens de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra; 

3º - Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus em vão; 

4º - Lembra-te do dia de sábado, para o santificar; 

5º - Honra teu pai e tua mãe; 

6º - Não matarás; 

7º - Não adulterarás; 

8º - Não furtarás; 

9º - Não dirás falso testemunho contra teu irmão; 

10º - Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, e nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.

CRESCER ECONOMIA E DIMINUIR DESIGUALDADE

As duas maiores batalhas no Brasil de hoje

"Em meio a tanta dispersão imposta pelas 
manchetes da mídia, não fica claro para os 
brasileiros quais são as batalhas centrais
que o país tem que enfrentar nestes anos"
  
POR EMIR SADER*

A nova tendência no país, gerada na década passada e que se estende nesta, é a existência de nova maioria política no Brasil.

Se a reeleição do Lula poderia obedecer a uma tendência a reeleger um presidente – como no caso de FHC -, a eleição da Dilma apontou para esse novo fenômeno: classes populares emergentes se constituíram no eixo de nova maioria política que elegeu e reelegeu o Lula e que elegeu a Dilma (apontando, com grande previsão de se confirmar, sua reeleição).

Por outro lado, as dificuldades para se articular oposição ao governo, com partidos enfraquecidos, tanto à direita, quanto à esquerda, confirmam a hegemonia do projeto encarnado pelos governos Lula e Dilma. O núcleo opositor ao governo se concentra na mídia privada que, conforme confissão de uma diretora da associação que os congrega, substituem aos enfraquecidos partidos opositores.

Mas esse projeto político vencedor tem grandes desafios pela frente, frequentemente obscurecidos para a grande maioria dos brasileiros, pela ação dispersiva da mídia, que insiste em buscar que a atenção das pessoas se concentre em irregularidades da gestão pública. O objetivo é desqualificar tudo o que tenha a ver com Estado, para tentar, por oposição, projetar o desmoralizado “mercado” [grandes conglomerados financeiros internacionais] e as “empresas privadas” [principalmente, as multinacionais] que têm nele seu território privilegiado.

No entanto, o Brasil tem, entre tantas tarefas, duas que se configuram, no governo Dilma, como as mais importantes.

A primeira, a elevação do ritmo de crescimento da economia e de extensão das políticas sociais, mesmo em meio aos efeitos negativos da dura recessão no centro do capitalismo.

É uma proeza, mas hoje já possível, devido ao dinamismo de economias do Sul do mundo, mostrando que já existe um mundo multipolar. Sofremos os efeitos da recessão na Europa, nos EUA, no Japão, mas não são mais suficientes para arrastar-nos à recessão junto com eles.

Para isso, o governo tem que zelar, antes de tudo, pelos fatores que pesam sobre a nossa economia, impedindo que o ritmo de crescimento econômico seja baixo como em 2011, possa se elevar acima de 4%, oxalá acima de 5%, condição da manutenção e expansão das políticas sociais que permitam que o governo cumpra com o maior os seus compromissos: terminar com a miséria até o final deste mandato.

A outra tarefa central é a de apoiar todos os mecanismos que permitam que a sociedade brasileira deixe de ser dominada pelos valores mercantis, egoístas, individualistas, que acompanharam a instalação do modelo neoliberal no nosso país.

Que o acesso justo a bens de consumo, antes sempre negados à grande maioria, possa satisfazer suas necessidades antes reprimidas, mas que a consciência social das razões pelas quais essas conquistas se tornam realidade possibilite que [esse acesso a bens de consumo] seja acompanhado dos valores da solidariedade, da cooperação, da fraternidade, do humanismo.

O neoliberalismo projetou a ideia de que a ascensão social tem que se dar, necessariamente, através da disputa selvagem no mercado de uns contra os outros. Como diminuíam os recursos disponíveis e as oportunidades, a visão malthusiana predominava. (Até agora um partido de direita da Catalunha fazia sua propaganda eleitoral egoísta com o lema: “Não há para todos”, para propagar que não se deveriam aceitar imigrantes na Espanha.) O famoso “Farinha pouca, meu pirão primeiro.”

As políticas redistributivas dos governos Lula e Dilma, que têm mudado, pela primeira vez, a desigualdade social no Brasil, diminuindo-a, respondem a direitos da massa da população, ate então marginalizadas do acesso a bens fundamentais. São resultado de mentalidade diferente, que reconhece o direito de todos e não apenas a capacidade de alguns de se sobrepor aos outros. Se governa para todos, se colocam os recursos arrecadados pelo Estado a serviço de todos. Antes se governava para um terço da sociedade, bastava a demanda desses setores mais ricos para alimentar uma economia que produzia prioritariamente para eles.

Para que novos valores predominem, as grandes camadas populares emergentes são essenciais, porque são elas que agora têm acesso a bens que antes lhes estavam vedados. A geração e socialização de novos valores, coerentes com as políticas governamentais atuais, requer processo de democratização na formação da opinião pública, quebrando-se o monopólio privado, que bloqueia o processo democrático de informação e de difusão de valores solidários.

Mas requer, também, a articulação de políticas educativas e de cultura, que cheguem aos rincões mais distantes do país, a todas as escolas, espaços culturais, à vida comunitária da população mais pobre, incorporando-a não apenas ao circuito do consumo, mas também fazendo delas os maiores agentes de valores democráticos e solidários. Aqui se disputa a consolidação dos avanços conquistados, transformando a nova maioria política em maioria ideológica, mediante a consciência social de todos.”
*Emir Sader É  sociólogo e cientista político e colunista   na revista “Carta Maior”

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