No ápice da vida, lembranças boas de menino
WALQUER CARNEIRO
De quando em quando, em mim já mais velho, (logo após os quarenta) surge sempre lembranças do alvorecer da minha vida. Esse tempo que todos nós temos grudados na memória, e que entre a adolescência e a juventude não costumamos lembrar, mas que na verdade fica guardado a espera do momento adequado para voltar à tona. Essa lembrança surge, agora, não com tristeza ou desapontamento, mas sim com certa melancolia que no fundo regozija a alma. Foi então que fiz este poema.
QUANDO ACORDA O MENINO
De manhã
Despertou,
Viu o ouro do sol
Banhando o beiral.
Céu azul,
Primavera,
Vento sul,
Ruas velhas.
Borboletas coloridas
Atravessam seu quintal.
Num canto qualquer da Vida
Tem um segredo escondido,
Segredos do seu coração
Nunca foram proibidos.
Sentimento
Evidente,
Tímido sorriso
No dia que começa.
Brilho no olhar
Dorso nu,
Pés descalços
Tocando firmes
Folhas secas no chão.
Mistério de passarinho
Que alimenta o filhote
E no galho faz o seu ninho
Bem longe da curiosidade
Atenta e fugaz do menino.
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