Atraso no pagamento motivou protesto e greve
Com 7 milhões na conta da educação
a prefeitura não consegue
justificar atraso de dois meses no
pagamento dos professores
WALQUER CARNEIRO
Dois meses de atraso no pagamento dos trabalhadores em educação pública de Dom Eliseu levou os servidores ao limite da tolerância, tanto que neste dia 1º (sexta-feira) o Sintepp – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará convocou a categoria para uma manifestação em frente a secretaria municipal de educação como protesto reivindicando do gestor da educação a justificativa para o não pagamento, até agora, dos servidores.
Por volta das 10h30m cerca de 100 servidores já se concentravam no local, momento em que os professores foram convocados a lavarem as calçadas da secretária de educação como um ato simbólico.
De acordo com Pedro Mesquita, coordenador do Sintepp e vereador eleito pelo PT, essa foi a forma de demonstrar a insatisfação com a desconsideração da prefeitura em relação aos trabalhadores em educação que estão com o salário atrasado desde dezembro, pondo os servidores da educação em desespero, com contas vencidas sendo cobradas pelos credores e tendo seus nomes no serviço de proteção ao crédito. “Por conta disso decidimos fazer esse manifesto limpo, simbolizando a lavagem da sujeira do mau caráter de não valorizar o servidor da educação, e isso é vergonhoso”, considerou o coordenador lembrando que a situação está insustentável com servidores passando necessidade mesmo.
O secretário de educação, Roque Rodrigues, falou aos manifestantes dizendo que o pagamento de dezembro e de janeiro não foram efetivados porque o governo federal não havia repassado recursos do Fundeb suficiente para honrar o compromisso. “Todo fim de ano temos que pagar o mês de dezembro mais o décimo terceiro, e para isso o governo federal tem que efetuar um décimo terceiro repasse de recurso que até agora não foi feito”, justificou o secretário.
Mas para o professor Pedro Mesquita a justificativa do secretário não corresponde a verdade porque o governo federal disponibiliza os recursos de acordo com a quantidade de alunos matriculados no município baseado em informações repassadas pela secretaria de educação. “Não há justificativa para o não pagamento, pois se pegarmos de novembro para cá foram enviados ao município mais de 7 milhões de reais”, informou Pedro.
O secretário também não concordou com a forma de manifestação dos trabalhadores em educação considerando que a manifestação teve a característica de baderna. “Nós estamos reunidos aqui em trabalho interno, planejando o retorno às aulas e essa não é a melhor forma de buscar resposta”, discordou ele para quem não era necessária a manifestação de lavar as calçadas. “Eu nunca me neguei a dialogar com a categoria, basta formar uma comissão que eu estarei a disposição para conversar até durante dois dias”, falou ele.
O professor Douglas Santana não consegue esconder a sua indignação com a falta de transparência do governo municipal que se nega a falar a verdade e não cumpre os acordos feitos com a categoria. Douglas quer saber o motivo do atraso no pagamento, já que em anos anteriores isso não ocorreu. “Nós queremos saber o que o gestor municipal está fazendo com o dinheiro, e isso até agora não foi esclarecido, pois nós sabemos que os repasses caem na conta da prefeitura, mas o secretario não esclarece no que está sendo aplicado”, desabafou o professor.
Diante da atitude do secretário em não esclarecer o que está acontecendo em relação ao atraso do pagamento o Sintepp aproveitou a presença dos mais de cem servidores e chamou a categoria para decidir sobre a decretação de greve enquanto não seja efetivada a regularização salarial.
RETIRANDO GARANTIAS
Outra situação está preocupando a categoria, pois há suspeita de que o prefeito está planejando subtrair um percentual 20% contidos nos vencimentos, percentual concedido como incentivo para professores que atuam em sala de aulas lidando diretamente com os alunos.
Para isso o gestor já teria se reunido com vereadores da base aliada para ver a possibilidade de se aprovar um lei retirando do plano de cargos e salários dos professores o, mas os coordenadores do Sintepp informaram que não vão permitir a retirada de direitos dos professores consolidados por lei.
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