Saúde alerta sobre a hanseníase em Dom Eliseu no estado do Pará
Na fronteira com o estado do Maranhão
ainda persiste no município um
alto grau de incidência de pessoas
contaminadas com o bacilo da hanseníase
Foi lançada em Dom Eliseu mais uma Campanha de Combate a Hanseníase em conformidade com o Dia Mundial de Combate a Hanseníase, e a campanha é decorrente do fato de que o Brasil ainda apresenta uma grande incidência dessa enfermidade, principalmente na região Norte, apesar de que desde 2001 vem sendo observada leve queda no registro de novos casos da doença no estado do Pará.
Dom Eliseu é um município localizado nas margens da Rodovia Belém-Brasília, na confluência da Br-222, nos limites da região sudeste com a região nordeste do estado do Pará, a 530 quilômetros da capital, Belém, sendo o município do Pará com o maio número de pessoas infectadas com o bacilo causador da hanseníase, em cada grupo de 10 mil pessoas 20 estão doentes, e o pior e que há uma certa resistência em diminuir os casos de hanseníase, mesmo havendo tratamento e cura totalmente grátis através do SUS, fato esse que preocupa o coordenador do Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Dom Eliseu, Ivan Gemaque que está organizando a Campanha de Esclarecimento e Combate a Hanseníase no município, e o artigo a seguir que foi elaborado por ele com o intuito de informar e orientar sobre a campanha.
Ivan Gemaque*
Desde 1954 é comemorado no último domingo de janeiro o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase. Nosso município sempre esteve inserido nessa luta e desta vez não será diferente. Além disso, Dom Eliseu figura entre os municípios com maiores índices endêmicos de hanseníase no sudeste paraense, sendo um dos responsáveis pela manutenção da endemia no estado do Pará, com cerca de 100 casos novos anuais.
A inexistência de uma ação integrada entre os municípios de fronteira nesta parte do Brasil torna a prevenção da hanseníase dependente da efetividade das ações de cada município, o que ainda é dificultado pela má formação acadêmica de profissionais voltados para esta problemática, até mesmo pela evolução insidiosa e o longo período de incubação da doença. Esses fatores retardam a obtenção de impacto, especialmente sabendo-se dos bolsões de pessoas infectadas nesta região do país e as dificuldades, ainda existentes, de acesso aos serviços de saúde.
Neste contexto, a Secretaria Municipal de Saúde promoveu desde o dia 24 de janeiro, até o dia 04 de fevereiro, nas Unidades de Saúde da Família, Postos de Saúde, escolas, etc., ações de Combate à Hanseníase, com a expectativa de prolongar a campanha até o final do mês de março.
Com o Slogan ‘Hanseníase tem cura’, a campanha tem como finalidade detectar casos novos (através da busca ativa ou demanda espontânea) e fazer o devido acompanhamento do processo que vai da informação sobre a doença, os meios de prevenção, tratamento, até a reinserção do paciente curado no mercado de trabalho. O objetivo é mobilizar a população quanto a procura o mais rápido possível ao posto de saúde, em caso suspeito, para o diagnóstico e tratamento precoce da doença e quebra do elo “preconceito” que ainda estigmatiza a doença.
A hanseníase é uma doença incapacitante que se não tratada adequadamente causa danos irreversíveis ao portador e o município de Dom Eliseu apresenta um aumento na prevalência e permanência dos casos em registro ativo. Além disso, apresenta também uma taxa considerável de pacientes com grau de incapacidade I e II após alta por cura. Em 2010, após pesquisa de coorte, detectou que 44,8% dos casos de hanseníase com alta por cura tinham algum tipo de incapacidade física.
Anualmente o município notifica uma média de 100 casos da doença incluindo Paucibacilar e Multibacilar. No ano de 2009 foram notificados 96 casos, registrando-se um coeficiente de detecção de 24 casos por 10.000 habitantes (Conforme censo IBGE 2010), bem acima do que preconiza a OMS de 01 caso para cada 10.000 habitantes, classificando o município como HIPERENDÊMICO em relação à doença.Já em 2010 apenas 58 casos foram detectados, fato que aponta para uma possível subnotificação dos casos quando comparado a uma série histórica, o que justifica uma programação especial para o dia mundial de luta contra a hanseníase.
*Ivan Gemaque, Coordenador de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Dom Eliseu.
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