JORNALISTA CAI NA ONDA DE CACHOEIRA

Jornalista reafirma que Cachoeira pagou campanha de Perillo

Jornalista afirma que foi ludibriado,
pois fez trabalho honesto e limpo
e recebeu como pagamento
dinheiro de procedência ilícita

FONTE - PORTAL VERMELHO C/ AGÊNCIA CÂMARA


De Brasília - O jornalista Luiz Carlos Bordoni reafirmou em sua exposição inicial na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, nesta quarta-feira (27), que uma parte do pagamento pelo seu trabalho na campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010, no valor de R$ 90 mil, foi paga por duas empresas de fachada do contraventor Carlos Cachoeira – Alberto & Pantoja Construções e Adécio & Rafael Construção e Terraplanagem. Os outros dois depoentes do dia não falaram à CPMI.


“O pagador de contas de Marconi Perillo (Lúcio Fiúza Gouthier) passou o número da conta da minha filha para uma quadrilha e envolveu o nosso nome nessa investigação”, disse. Ele disse que fez um trabalho limpo e recebeu dinheiro “sujo”.

Bordoni também apontou a existência de um governo paralelo em Goiás comandado por Cachoeira. Segundo ele, “todos sabiam” que a ex-chefe de gabinete de Perillo, Eliane Gonçalves, “representava Cachoeira no governo, com radinho na mão” (uma referência ao aparelho Nextel cedido pelo contraventor).

O jornalista disse que havia passado o número da conta da filha dele, Bruna, para Gouthier, para receber quantias atrasadas relativas à campanha eleitoral de 2010 e depois foi informado de que o depósito havia sido feito, mas não checou quem havia depositado.

Em abril, no dia do depoimento do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) na CPMI, foi surpreendido pela “terrível notícia” de que um depósito na conta de sua filha tinha sido feito por uma empresa de fachada de Carlinhos Cachoeira.

E disse ter sentido “profunda indignação” pelo fato de a filha ter aparecido como laranja do senador Demóstenes. Bordoni afirmou que, de fato, a filha foi nomeada como assessora do senador, mas não chegou a tomar posse no cargo, por problemas de saúde.

O jornalista disse que recebeu em dia R$80 mil de R$120 mil combinados pelo seu trabalho. Além dos R$40 mil que ficaram faltando, teria deixado de receber R$ 0 mil relativos ao bônus pela vitória na eleição, que também teria sido previamente combinado. Ou seja, ficaram atrasados R$90 mil. “O recebimento dessas quantias atrasadas é que me trouxe a essa CPMI”, disse.

“Quem sou eu para achacar o rei do achaque?”, perguntou ele, contestando a versão de que os depósitos em sua conta são resultado de extorsão contra Cachoeira. Segundo ele, essa versão é “risível”. Ele questiona o fato de não existir prova sobre a suposta chantagem.

OUTROS SILENCIAM 

Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo, foi liberada pela CPMI do Cachoeira de depor após ter dito que obteve na Justiça o direito de permanecer em silêncio.

O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, convocado para depor hoje, enviou o segundo atestado médico alegando que corre risco de hemorragia cerebral se for submetido a situação de estresse, pois sofre de aneurisma.

Eliane é acusada de repassar informações sobre operações policiais. Segundo a PF, ela avisou Geraldo Messias, prefeito de Águas Lindas (GO), que agentes fariam uma operação de busca na casa dele numa operação de combate a fraudes contra a Receita Federal em Goiás. Logo que as denúncias vieram à tona, ela pediu exoneração. 

O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que convocou Rincón para uma perícia médica no Senado, mas o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) sugeriu que fosse cancelada a perícia, pois a comissão poderia esperar até agosto pelo depoimento. A deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) disse que Rincón continua trabalhando normalmente desde que apresentou o primeiro atestado, em 30 de maio, quando foi convocado pela primeira vez.

Jayme Rincón, que foi tesoureiro da campanha de Perillo ao governo do estado em 2010, foi citado em ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal (PF). Segundo as investigações, foram depositados R$600 mil pelo grupo de Cachoeira na conta da empresa Rental Frota Ltda., que tem Jayme como um dos sócios, com 33% de participação. A Rental confirma o pagamento, mas diz que se refere à venda de 28 veículos usados. 

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